Lula recusou ceder blindados ao Rio após alerta de que tráfico poderia roubá-los

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Um dos principais motivos para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ter negado o empréstimo de veículos blindados militares ao Rio de Janeiro foi o medo de que as facções criminosas do estado pudessem se apossar dos equipamentos de guerra. O pedido havia sido feito pelo governador Cláudio Castro (PL) em janeiro, após o ataque que feriu uma médica capitã de Mar e Guerra nas proximidades do Hospital Naval Marcílio Dias, na Zona Norte do Rio.

O Ministério da Defesa informou, nesta terça-feira (28/10), que a Marinha posicionou os blindados temporariamente no entorno do hospital, dentro do limite legal de 1.400 metros em torno das instalações militares. O caso foi submetido à análise da Advocacia-Geral da União (AGU), que em fevereiro negou o empréstimo, destacando que esse tipo de operação só poderia ocorrer com um decreto presidencial de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

O parecer da AGU ressaltou que a atuação das Forças Armadas em segurança pública “não é trivial” e só se justifica em áreas de fronteira, no mar ou em águas interiores contra delitos ambientais e transfronteiriços — o que, segundo o órgão, “não era o caso”.

Mesmo após a resposta formal, o assunto continuou sendo discutido internamente no governo. Avaliações apontaram que uma GLO teria alto custo e exigiria ajustes no Orçamento. Além disso, pesou a desconfiança de que o Rio de Janeiro não teria condições de garantir a segurança dos blindados. O temor dentro do Planalto era de que os veículos acabassem sendo roubados por criminosos e utilizados dentro das favelas.

Lula mantém resistência à decretação de GLO, que permite o uso das Forças Armadas em ações de segurança pública. Apesar disso, o presidente já autorizou o instrumento em duas ocasiões: nos portos do Rio e de Itaguaí, e durante a Cúpula do G20, em novembro de 2024.